A Chita não nasceu no Brasil, mas
acompanha a nossa história há pelo menos 400 anos.
Chita é um tecido de algodão com
estampas de cores fortes, geralmente florais, e tramas simples. A estamparia é
feita sobre o tecido conhecido como morim.
O nome chita vem do sânscrito
chintz e surgiu na Índia medieval e conquistaram europeus, antes de se
popularizar no Brasil.
Após um longo processo
burocrático, cultural e financeiro, a chita passou a ser produzida também no
Brasil. A produção do tecido no país o barateou, e muito, tornando populares as
peças confeccionadas com o material, transformando-o, assim, em um dos ícones
da identidade nacional.
A chita que nasceu como pano
popular, Vestiou populações carentes e escravos. Era o paninho barato, de fácil
acesso ao povo. Cresceu, apareceu se espalhou e se transformou “na cara do
Brasil”.
A associação da chita às festas
populares foi inevitável, a alegria evocada pelos florais e seu intenso
colorido fez da chita a representante da própria alegria festiva, se espalhando
nos figurinos dos festejos do nosso imenso Brasil.
Nos anos 50, a chita inicia seu caminho rumo a momentos de glória . Em 1959, a estilista Zuzu Angel foi uma pioneira que inseriu a chita no mundo fashion. Exibiu uma coleção com saias feitas de chita e zuarte, tecido semelhante e igualmente barato e foi um sucesso.
No final dos anos 60, a chita brilhou em expressões artísticas e revolucionárias da época, como o movimento hippie e o tropicalismo. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé foram adeptos do tecido. Seu uso também podia ser entendido como uma provocação àqueles sombrios anos de ditadura.
Portanto a Chita tem alma
brasileira e tem sido considerado tecido símbolo da cultura popular e se tornou
diferencial alternativo nos costumes contemporâneos na moda de vestir e de
decorar, e hoje pode ser encontrado tanto vestindo e colorindo as festas populares
do mais remoto interior brasileiro bem como os ambientes considerados mais
modernos e sofisticados.
Fonte : O significado da cor na estampa do tecido popular: a chita como estudo de caso
Maria Diaz Rocha
Mônica Queiroz