À
primeira vista parece difícil pensar em um ponto de encontro entre a
arte e a ciência. Desde a infância aprendemos na escola disciplinas
separadamente, sendo que na arte sempre se prezava pela
subjetividade, criatividade e interpretação, e nas disciplinas
científicas valorizava-se sempre a razão, o método e a obtenção
de resultados concretos.
Comparando
a criação científica e a artística observamos que na origem do
ato criador o cientista não se diferencia do artista, apenas
trabalham materiais diferentes do Universo. Ciência e arte tem uma
origem comum, na capacidade
para formular hipóteses, imagens, idéias, na colocação de
problemas.
O
segredo do sorriso de Mona
Lisa
não está nos códigos secretos ou em fórmulas mirabolantes, como
muitos podem pensar. Na verdade, o mistério todo é solucionado
quando vemos que o desejo de Leonardo da Vinci sempre foi a criação
de uma “ciência visual”. A anatomia foi o campo escolhido por Da
Vinci para retratar em sua arte as análises que fez ao longo de sua
vida.
Leonardo
ousou a operação que outros não haviam feito e tentou superar a
distância que havia entre artes e ciências. Trazendo para a pintura
conhecimentos da filosofia natural, modificou o significado da
pintura.
As
mentes científicas e artísticas são sensíveis às analogias e
similaridades icônicas como bem registrou Einstein.
Exemplos
como:
Kekulé (químico alemão do século XIX), ele criou a fórmula da
molécula do benzeno em analogia com o "Uroboros"(serpente
que se morde a cauda).
E
Edgard Allan Poe com seu ensaio "A Filosofia da Composição",
se auto-intitula "engenheiro literário"ao mostrar o
processo de composição literária que parte dos efeitos para as
causas (feedback)
na narrativa verbal.
Quando
o músico produz um som, seja qual for o instrumento musical, ele
está produzindo freqüências, timbres e intensidades que pertencem
ao campo de estudo da física. Uma musica tocando é a combinação
de diversas leis universais, e essas leis são imutáveis. Notas
musicais são sempre as mesmas, o que difere, são as infinitas
combinações obtidas de acordo com a criatividade musical do
artista.
Físicos
não precisam sair solando uma guitarra como Brian May (guitarrista da banda Queen), para conhecer e aplicar as leis físicas
que regem o som e
músicos
não precisam saber física para cantar e tocar um instrumento,
contudo eles sabem que sensíveis mudanças, como uma oitava de
diferença entre um instrumento e outro, poderá resultar em perda de
qualidade musical. Notas musicais combinadas formam seqüências,
escalas e arranjos que resultam em belos e cativantes sons
harmoniosos.
São muitos, em todo o mundo, os que reconhecem que as ciências e as artes se encontram e se fertilizam contínua e reiteradamente. Esse é um contraponto que vem de longe e que se afirma e reafirma no curso dos tempos modernos.
Conclui-se
que a intuição sem conceito não existe e que o conceito sem a
intuição é vazio, assim "a arte é a união do instinto
(intuição) com a inteligência".
"A
ciência descreve as coisas como são; a arte como são sentidas."
(Fernando Pessoa)
BIBLIOGRAFIA:
Arte/Ciência:
Uma consciência
-Julio
Plaza
Da Vinci: entre a arte e a ciência - Helena Stürmer
Variações sobre arte e ciência - Octavio Ianni